UM CLASSICO RECRIADO EM ATMOSFERA AFRICANO
Critica de teatro. Macbeth, por companhia guineense no teatro Trindade
A Sangrenta tragédia de
Shakespeare numa
leitura originalíssima
Miguel Pedro Quadrio
Enquanto no Teatro de São Carlos se ouve o ultra romântico Macbteh de Verdi, uns quarteirões mais acima, no Teatro da Trindade, esta em cena Namanha Makbunhe, uma curiosíssima recriação da tragédia shakespeariana, onde Andrzej Kowalski dirige um elenco só integrado por actores negros *uma parceria entre o Teatro D. Maria II e a companhia guineense Os Fidalgos*.
As feiticeiras que, em Shakespeare, preanunciam a ascensão e queda do fidalgo ingrato, assassinado Duncan , seu real protector, lança se numa senda de horror e morte para garantir o poder usurpado tornam se aqui em personagens versimeis duma inquietante coexistência magica entre espírito e materia.
Esta perspectiva inusitada vinca se através de duas figuras colocadas fora da acção um contador de historias e um musico, que antecipam o que se passara em palco como narrativa arcaica e cíclica, , onde os homens se revelam cruamente.
Típico das culturas subsarianas de tradição oral, esta moralização permite reler Macbeth como epopeia de heróis e vilões que exemplifica o bem e o mal a uma plateia atenta <>.
O monumental cenário de Leszek Madzik adensa esta atmosfera
NAMANHA MAKBUNHE
Autores William Shakespeare e Andrzej Kowalski
Encenação Andrzej Kowalski
Interpretes Mário Spencer
Domingos G. Marques
Amélia da Silva
José Massango
Jorge Q. Biague
Mussa Camara, entre outros...
Grave, embora a sala a italiana do Trindade não deixa brilhar a conjugação despojada dum chão nu
Se esta versão conserva o essencial da tragédia assinale se, apenas, a duplicação da cruel Lady Macbeth, que assim ganha um rosto humano, o espectáculo torna se imperdivel pela saborosa mistura entre o português e o crioulo, pela genuinidade dos desempenhos etnográfico, e por uma requintada técnica de articular emoções vividas com a tipificação expressiva de gestos e registos.
Diário de Noticias 04, 06, 07
edição: Amélia da silva
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